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ESTADOS DOS CASCOS E CLAUDICAÇÃO

COMO RECONHECER UM CASCO SAUDÁVEL E UM COM PROBLEMAS?

Revisar e corrigir anormalidades observadas nos cascos dos animais ajuda a prevenir problemas que geram

desconforto, dor e claudicação nas vacas leiteiras. É importante revisar continuamente os cascos dos animais para

atender problemas oportunamente, para programar casqueamento de animais antes deles virarem claudicantes e

para controlar o nível de problemas de pés presentes na propriedade.
Um casco saudável deve estar limpo, sem fraturas, massas, sangramento, secreções, ou lesões superficiais

aparentes. Ao olhar desde o lado, o ângulo da parede dorsal (da frente) deve estar entre 45 a 50 graus de inclinação. A alteração deste ângulo pode indicar um crescimento anormal do casco. 

CASCO NORMAL E PRINCIPAIS ESTRUTURAS

1. Rodete coronário: borda superior do casco onde começa a crescer a parede ou parte externa do casco que recobre os dois dedos do animal
2. Córion: parte interna do casco que é muito sensível e recebe muito fluxo de sangue. É a estrutura que nutre as partes externas do casco
3. Parede ou muralha: porção córnea do casco que é dura e recobre boa parte do casco

4. Linha Branca: parte do casco que está recoberta pela parede ou muralha. Para enxergar a linha

branca basta olhar o casco por baixo: aparece comouma linha clara que percorre toda a área de apoio

do casco. A linha branca é menos dura que a

parede e é lugar de apresentação de vários

problemas de casco
5. Pinça: parte dianteira do casco
6. Talão: parte traseira do casco
7. Sola: porção do casco inferior que faz contato

com o chão

CRESCIMENTO EXCESSIVO DOS CASCOS

Os cascos dos bovinos cresce continuamente. O crescimento normal dessa estrutura depende da conformação

corporal do animal e da interação das forças que promovem o crescimento (como a nutrição) e o desgaste do casco

(como o tipo de pisos ou solos ).
O crescimento excessivo do casco, ou sobrecrescimento, se produz quando:

a) Os animais andam ou passam muito tempo em pé sobre superfícies duras ou irregulares, úmidas ou com

presença de abundante lama, sujeira ou esterco. Este tipo de superfícies irregulares, ou pouco confortáveis, fazem 

que os animais adotem posturas anormais e desgastem os cascos de maneira irregular;
b) Os animais não são submetidos a casqueamento preventivo periódico.  Geralmente, os cascos das vacas

crescem mais rápido do que podem ser desgastados de maneira natural;
c) Problemas de alimentação dos animais como excesso de proteína e limitações de alimento podem levar ao

crescimento anormal dos cascos.

 O sobrecrescimento do casco pode se apresentar comumente de duas formas. O termo sobrecrescimento

simétrico é usado quando as unhas do lado e do meio do casco crescem excessivamente, afetando o ângulo
normal da parede frontal do casco em relação ao solo. Pode ser chamado de sobrecrescimento não simétrico

quando uma das unhas cresce mais do que a outra. É mais comum ver que a unha lateral cresce mais do que a unhado meio nos cascos posteriores: isto porque é a parte lateral do casco que suporta maior pressão e peso, o que

estimula o maior crescimento.

Figura 6. Sobrecrescimento do casco. Um dos problemas do

sobrecrescimento do casco é que afeta o ângulo da parede frontal do casco em relação ao solo. Assim, a distribuição do peso no casco se

torna irregular e as partes posteriores do pé e outras estruturas na

sola acabam recebendo muito peso, afetando a locomoção,

produzindo lesões e gerando dor.

Figura 7. Quando há sobrecrescimento não simétrico uma das unhas apresenta maior comprimento do que a outra. Geralmente a unha lateral

sobrecresce nos cascos posteriores e a do meio nos anteriores. 

Os cascos sobrecrescidos modificam a andadura normal e a distribuição do peso do corpo das vacas. Animais

com sobrecrescimento de casco podem apresentar desconforto, dor e predisposição a lesões nas patas, por terem

que realizar movimentos anormais e maior esforço para mover seu próprio peso.

DERMATITE DIGITAL

 A dermatite digital é uma doença que produz lesões na pele da parte posterior dos cascos nos membros

posteriores. A lesão pode observar-se como uma área avermelhada com forma de morango nas primeiras fases da

doença, ou como um sobrecrescimento de tecido ulcerado e com cheiro fétido nas fases mais avançadas. 
A doença é produzida por bactérias que se encontram na lama, em áreas úmidas, alagadas, ou de concentração 

de fezes dos animais. É uma doença contagiosa que pode gerar desconforto, claudicação e, em casos extremos, até desprendimento do casco.
Animais com lesões de dermatite digital avançada mexem continuamente as patas e batem contra objetos, o que produz outras lesões nos cascos, como fraturas, ou fissuras.

Figura 8. As lesões iniciais de dermatite digital aparecem como uma leve vermelhidão ou sangramento da pele na parte

posterior do casco. Se o tratamento é feito neste momento inicial, há melhores resultados do que tratando os problemas

crônicos.

Figura 9. Lesão comum em um animal que apresenta dermatite digital crônica. Se observa um crescimento de tecido na pele que está na parte traseira dos cascos posteriores. É comum que essas lesões apresentem mau cheiro, sangue e infecção secundária.

Figura 10. Lesão comum em animais que apresentam dermatite digital crônica. A presença de fezes, lama e umidade pode

favorecer amolecimento da pele e facilitar o crescimento dos microrganismos que infectam a pele ao redor do casco.

Figura 11. Lesão crônica de dermatite digital com excessivo dano na pele e nos talões do casco. O contato

contínuo dos cascos com excesso de lama, esterco e umidade promove o aparecimento e circulação da doença

no rebanho. Animais com lesões crônicas são multiplicadores do problema.

Figura 12. Dermatite digital crônica.

LINHAS, FISSURAS E FRATURAS NO CASCO

Os animais podem apresentar fissuras tanto de forma vertical, como horizontal sobre a parede do casco. São

linhas onde o casco perde continuidade e fica mais suscetível ao efeito negativo de fatores ambientais como pedras, microrganismos, sujeira ou umidade.

Figura 13. Fissura horizontal em cascos. Geralmente essas fissuras se produzem por algum fator que impede o crescimento normal docasco. Como o casco cresce a partir do rodete coronário como uma linha, qualquer fator que diminua a nutrição do casco, cria uma

linha horizontal aonde não se produz casco normal e aparecem as fissuras.

As fissuras horizontais podem ser produzidas por mudanças extremas na nutrição, manejo ou produção dos

animais. Em geral, qualquer fator que diminua a nutrição do casco pode interromper o crescimento normal e assim aparece uma linha onde não se produz casco normal. Algumas fissuras podem resultar de abscessos que crescem

dentro do casco e ao acumular muito material purulento pressionam a parede do casco e drenam pelas áreas mais

frágeis do casco. 
 As fissuras verticais podem ser produzidas por traumas fortes ou repetitivos que debilitem a parede do casco.

Cascos de animais mal nutridos ou debilitados por efeito de alta umidade e acumulação de material orgânico e

microrganismos podem ser mais suscetíveis de apresentar fissuras.

Figura 14. Fissura vertical no casco. Este tipo de lesão debilita a superfície de

apoio do casco e pode permitir a entrada de material estranho no casco como

pedras, lama e microrganismos.

Em alguns animais se observa uma fissura horizontal que se localiza só na parte lateral e superior do casco, mas quenão aparece em toda a extensão do casco. Esse tipo de fissura é produzida comumente por efeito de drenagem de abcessos que crescem dentro do casco e que, quando não são tratados, pressionam nessa região do casco e drenam espontaneamente. Geralmente essas fissuras se apresentam em animais com claudicação severa, se observa pus

saindo pela fissura e às vezes se detecta mau cheiro no casco.

Figura 15. Fissura horizontal no casco. As fissuras no casco podem favorecer o acúmulo de sujeira e umidade, facilitando o aparecimento de

infecção no casco e claudicação.

Figura 16. Fissura lateral no casco em vaca leiteira com abcesso no pé. A linha de drenagem do abcesso pode ser muito sutil, mas geralmente aparece em animais que não conseguem apoiar o pé no chão, que têm extrema dificuldade para se locomover e se observa inflamação, dor, e drenagem de

pus ao redor da área da fissura.

Quando uma fissura é tão profunda que a parte interna e sensível do casco fica exposta, geralmente ocorreu uma

fratura. Animais com fraturas de casco apresentam forte dor e restrição de movimento. Cascos que apresentam

fissuras profundas ou fraturas podem se desprender totalmente, o que é uma complicação muito grave desse tipo

de anormalidade.

Figura 17. Fratura de casco com exposição de tecido interno (córion) e sangramento. Animais com esse

tipo de lesão devem ser isolados do rebanho, levados a um local confortável, seco e limpo, e tratados

por um veterinário de maneira urgente.

HIPERPLASIA INTERDIGITAL

É um sobrecrescimento da pele que está no meio das duas unhas ou dígitos do pé do animal. Geralmente se

observa uma massa na parte frontal do casco. Às vezes a massa pode ser firme e seca, mas dependendo das

condições do ambiente pode sangrar, infeccionar e supurar. 
A massa cresce porque os animais passam muito tempo em lugares que lesionam  a pele que divide os dos lados do casco: áreas úmidas, alagadas e com abundante material orgânico (bosta, lama). Esse tipo de lesão se produz pela

irritação contínua da pele e uma vez cresce, não há muitas possibilidades que ela diminua de tamanho

espontaneamente.

Figura 18. Hiperplasia interdigital. Lesão com sobrecrescimento na parte frontal do casco. Se observa ulceração, contaminação por material

orgânico, sangramento e supuração. 

Figura 19. Hiperplasia interdigital. Este tipo de lesão pode

permanecer seca por períodos, mas a pele ao redor do casco é uma área muito suscetível, que pode facilmente formar

úlceras, infeccionar e até ser afetada por parasitas como

larvas de moscas, como se observa na imagem do lado

direito.

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