SEPARAÇÃO DA MÃE
A separação precoce do recém-nascido da sua mãe é uma prática comum em granjas leiteiras do mundo inteiro. O principal fator que justifica a preferência dos produtores pela separação do bezerro logo após o nascimento é evitar o estresse na vaca e no bezerro, a prevenção da transmissão de doenças e o trabalho extra associado com a separação mais tarde. Também baseado nesses motivos, essa prática é amplamente recomendada na literatura técnica.
Por outro lado, o contato entre a vaca e o bezerro no início da lactação traz várias vantagens para ambos. As primeiras mamadas aceleraram a involução do útero após o parto, reduzindo o risco de retenção de membranas fetais, além de reduzirem a quantidade de leite residual deixado no úbere da vaca reduzindo, assim, a incidência de mastite em vacas leiteiras. O contato com a mãe também pode favorecer o crescimento e a saúde dos bezerro, e reduzir comportamentos anormais.
Os bezerros criados com vacas (a mãe ou uma vaca ama) por mais de 10 dias realizam mais atividades relacionadas aos comportamentos sociais que os animais separados das mães ao nascimento, sugerindo que a presença da mãe é importante para os comportamentos sociais aprendidos. Bezerros criados com a mãe apresentam melhor desempenho social frente a outros bezerros do que bezerros criados individualmente na fase de aleitamento. Por outro lado, ao aumentar o contato do animal com o humano a separação precoce pode melhorar a interação com humanos (desde que este contato seja positivo). Levando em conta as vantagens e desvantagens da separação precoce, a longo prazo a separação tardia é relativamente melhor para os animais.
Em alguns casos os produtores permitem a presença do bezerro “ao pé” da vaca ou que este mame após a ordenha ou ainda vacas ama. Esses tipos de manejo, que necessitam de trabalho mais intenso, passaram a ser abandonado nos últimos 50 anos nos sistemas mais industrializados. Entretanto, entende-se que a capacidade de expressão do comportamento natural da espécie é um dos componentes do bem-estar animal. Por isso, atualmente alguns produtores, principalmente mas não exclusivamente os orgânicos, têm adotado novamente esses tipos de manejo, visando melhorar o bem-estar animal. Uma revisão publicada em 2016 por Johnsen e colaboradores apresenta e discute as maiores vantagens e limitações da criação do bezerro leiteiro pela mãe.